segunda-feira, 23 de junho de 2008

Contribuição dos Vocalistas Tropicais à História da MPB é tema de palestra no programa Museu Vivo



FORTALEZA, 24.06.2008 – O cantor e percussionista Danúbio Barbosa Lima, 87 anos, realizará palestra sobre o tema “A música cearense nos anos 1940 e 1950 e os Vocalistas Tropicais”, dentro do programa Museu Vivo, a realizar-se no auditório do Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 – 3º andar – Centro – fone: (85) 3464.3108), na próxima quinta-feira, 26, às 18 horas.

Criado em Fortaleza no início da década de 1940, o conjunto Vocalistas Tropicais, cujos primeiros componentes foram Danúbio Barbosa Lima, Nilo Xavier Mota, Paulo Eduardo Sucupira, José Eduardo Pamplona, Vicente Ferreira da Silva e Paulo de Tarso Siqueira, obteve êxito expressivo com sua atuação na PRE-9, prefixo e nome popular da Ceará Rádio Clube, emissora cearense dos Diários Associados.

O sexteto excursionou em 1944 pelo Maranhão, seguindo em 1945 para Manaus, até se fixar no Rio de Janeiro em 1946, onde conquistou auditórios e consolidou vitoriosa carreira, interpretando balanceios, marchas e sambas.

Com o apoio de João Calmon, diretor dos Diários Associados, os Vocalistas Tropicais foram contratados pela Rádio Tupi, e ao chegarem na então Capital Federal (Rio de Janeiro) causaram surpresa pelo tom peculiar e harmonioso dos arranjos vocais, priorizando repertório composto de ritmos e temas regionais.

O tema será apresentado por Danúbio, um dos remanescentes do grupo, residente em Fortaleza e merecidamente homenageado com o troféu Eusélio Oliveira na 13ª edição do Festival Cine Ceará.



Os Vocalistas Tropicais (texto de Calé Alencar)

Em face do sucesso obtido, na região sudeste do Brasil, pelos 4 Azes & 1 Curinga, outro notável grupo vocal composto por cearenses, os integrantes dos Vocalistas Tropicais seguiram o mesmo itinerário, contando ainda com o incentivo de artistas renomados, quando de suas vindas a Fortaleza, ressaltando qualidades no grupo compatíveis com outras formações do cenário musical brasileiro.

Após a gravação de alguns acetatos em 1942 e o experimento de diversas formações, ainda na capital cearense, o grupo fixou-se com os seguintes integrantes: Nilo Mota, pandeiro e canto; Danúbio Barbosa Lima, tantan e canto; Paulo Sucupira, violão e canto; Evandro de Sousa, violão e canto; Artur de Oliveira, violão, afoxé e canto; e Paulo de Tarso, violão tenor.

Antes de seguirem para o Rio, realizaram uma temporada de grande sucesso em Salvador. Nesta etapa da viagem encontraram o cantor e compositor cearense Gilberto Milfont, de brilhante presença na história da música popular brasileira, a quem convenceram a acompanhá-los, chegando ao Rio em 1º. de janeiro de 1946. No Rio, o grupo passou a atuar na Rádio Tupi e no Cassino Atlântico, sendo dirigidos pelo compositor cearense Paurillo Barroso no musical Balanceio.

Ainda em janeiro, o grupo cearense assinou contrato com a gravadora Odeon, sendo que sua primeira gravação em disco ocorreu no dia 6 de fevereiro de 1946. Em meio ao êxito de sua carreira musical no Rio, o grupo participou de vários filmes, sendo o primeiro deles Caídos do Céu, no qual atuaram ao lado da atriz e comediante Dercy Gonçalves.

O disco de estréia dos Vocalistas Tropicais registrou, no lado A, o fox Papai, Mamãe, Você e Eu, composição de Paulo Sucupira. No lado B, o disco trouxe o balanceio Tão Fácil, Tão Bom, composição de Lauro Maia, também interpretada pelo grupo no filme Caídos do Céu.

O ritmo balanceio foi criado por Danúbio Barbosa Lima e Aleardo Freitas, tornando-se um verdadeiro precursor do baião de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. O balanceio seria amplamente difundido através das composições de Lauro Maia, sendo que a primeira composição utilizando este ritmo, criação de Aleardo Freitas e gravada em acetato pelos Vocalistas Tropicais, recebeu o título de Tiririca.

Dentre os maiores êxitos musicais dos Vocalistas Tropicais incluem-se Daqui Não Saio e Tomara Que Chova, de Romeu Gentil & Paquito; Jacarepaguá, de Marino Pinto, Romeu Gentil & Paquito; Turma do Funil, de Mirabeau & Urgel de Castro; A Maior Maria, de João de Deus da Ressurreição e Gerôncio Cardoso; A Voz do Morro, de Zé Ketti, Taboleiro d’Areia e Tão Fácil, Tão Bom, ambas de Lauro Maia, e Trevo de Quatro Folhas, versão de Nilo Sérgio para o fox de Harry Wood e Mort Dixon.

Os Vocalistas Tropicais, cuja formação mais duradoura incluía além de Danúbio, Nilo e Evandro, o cearense Artur e o pernambucano Arlindo, também participaram dos filmes Depois Eu Conto, com Anselmo Duarte, Eliana e Grande Otelo; Guerra Ao Samba, com Cyll Farney, Eliana e Renata Fronzi; e Carnaval no Fogo, um dos maiores sucessos da Atlântida, estrelado por Cyll Farney, Oscarito e Grande Otelo, no qual o grupo interpreta a marcha Daqui Não Saio, além de figurar no documentário Assim Era A Atlântida, produzido por Carlos Manga.

Em 2003, os Vocalistas Tropicais viraram tema do documentário Fragmentos de Harmonia, produzido por Nilo Mota, filho de um dos integrantes do grupo, utilizando acervo de fotos, gravações em acetato e discos de cera, além do precioso depoimento de Danúbio Barbosa Lima, um dos remanescentes do grupo, residente em Fortaleza e merecidamente homenageado com o troféu Eusélio Oliveira, na 13ª. edição do Cine Ceará.

Alvo de outras homenagens, Danúbio recebeu da Câmara Municipal de Fortaleza a Medalha Lauro Maia, por sua contribuição à Música Popular Brasileira, e o troféu Prova de Fogo – 70 Anos de Samba e Tradição, em reconhecimento ao seu importante papel na história do carnaval brasileiro.


assessoria de imprensa do Centro Cultural Banco do Nordeste) – (85) 3464.3196

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